Eles foram ouvidos em dois dias de audiências de instrução e julgamento em BH
A Justiça de Minas Gerais ouviu 12 testemunhas e o réu no processo relacionado ao homicídio do gari Laudemir de Souza Fernandes, morto em agosto de 2025, no bairro Vista Alegre, região Oeste de Belo Horizonte.
As audiências de instrução e julgamento, realizadas na terça-feira (25/11) e nesta quarta-feira (26/11), foram presididas pela juíza Ana Carolina Rauen Lopes de Souza, do Tribunal do Júri – 1º Sumariante da Comarca de Belo Horizonte.
Audiências
No 1º dia, prestaram depoimento oito testemunhas, entre elas a motorista do caminhão de coleta de lixo em que a vítima estava quando foi atingida; outros três colegas de serviço; e quatro policiais civis e militares que atenderam à ocorrência.
No 2º dia, três policiais e uma pessoa ligada à empresa em que o réu trabalhava foram ouvidos. A audiência foi finalizada com o interrogatório de Renê da Silva Nogueira Júnior, acusado de matar o gari. Ele não respondeu às perguntas.
Relato do réu
O acusado relatou à juíza Ana Carolina Rauen que estava armado no dia do crime por ter sofrido ameaças de um antigo sócio. Contou que ficou por 30 minutos parado no trânsito para sair do bairro onde mora e que “teve oportunidade de atirar em outras pessoas, mas não o fez”. Afirmou ainda que jamais atiraria em alguém por estar parado no trânsito.
O réu não informou diretamente se atirou ou não no gari e negou que tenha confessado o crime na delegacia. Renê da Silva Nogueira Júnior afirmou que foi ameaçado pelos policiais envolvidos na ocorrência, que teriam afirmado que poderiam prejudicar a esposa dele, delegada da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), caso o acusado não fizesse exatamente o que queriam.
O réu ressaltou ainda que acredita estar sendo perseguido e que não sabe dizer se o seu casamento com a delegada, acusada de ser a proprietária da arma usada no crime, resistiu ao ocorrido.
Ele ressaltou que a defesa juntou ao processo diplomas que comprovariam sua formação acadêmica (negada à imprensa pelas instituições de ensino). Também afirmou que foi “julgado” pela imprensa e comparado a um “empresário da Shopee”.
Ao fim da audiência, a defesa solicitou prazo para protocolar requerimento sobre o recolhimento de dados do celular do réu. A juíza Ana Carolina Rauen concedeu, então, dois dias, a partir de 1º/12, para a juntada de diligências complementares e requerimentos.
Denúncia
Segundo a denúncia do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), no dia do crime, Renê da Silva Nogueira Júnior saiu de casa no bairro Vila da Serra, em Nova Lima, em direção ao trabalho, em Betim, levando no carro uma pistola semiautomática Glock calibre .38.
No cruzamento das ruas Modestina de Souza e Jequitibá, no bairro Vista Alegre, Renê da Silva teria se irritado com a retenção no trânsito devido à passagem de um caminhão de coleta de lixo.
Mesmo com a indicação dos garis de que era possível seguir o trajeto, o denunciado, exaltado, ameaçou a motorista do caminhão apontando a arma.
Ainda segundo a denúncia do MPMG, “evidenciando o seu notório desprezo pelos trabalhadores”, o denunciado fez um disparo que atingiu a região abdominal do gari Laudemir de Souza Fernandes. A vítima chegou a ser socorrida, mas morreu a caminho do atendimento médico.
Renê da Silva Nogueira Júnior deixou o local após o disparo e foi preso horas depois do homicídio em uma academia na região Oeste de BH.
Réu
Em setembro deste ano, a Justiça aceitou a denúncia do MP, tornando Renê da Silva Nogueira Júnior réu por homicídio qualificado (por motivo fútil, com recurso que dificultou a defesa da vítima e perigo comum, já que atirou em via pública), porte ilegal de arma de fogo, ameaça (contra a motorista do caminhão) e fraude processual (por pedir à esposa que entregasse à perícia outra arma, e não a usada no crime, de modo a induzir o parecer técnico a erro).
O processo tramita sob o nº 5176858-12.2025.8.13.0024.
Fonte: https://www.tjmg.jus.br/portal-tjmg/noticias/morte-de-gari-testemunhas-e-reu-prestam-depoimento-8ACC82199A9916EE019AC1BC6B0A07AD-00.htm